domingo, 19 de julho de 2015

"Everyday is like sunday"

Talvez esta seja uma das musicas que eu mais gosto ao lado de "True Blue" da Madonna, que também gosto demais, ou mesmo "This is just a modern Rock song" do Belle and Sebastian, ou até mesmo as musicas da Editt Piaff ou mesmo as lindas gravações que o Johnny Cash fez no final da vida, dos discos da série "American Recordings", gosto muito de tudo isso, gosto muito também das canções antigas do Roberto Carlos ou mesmo das produções limpas do Raul Seixas ou mesmo as composições introspectivas do Nick Drake ou até o lirismo de Nick Cave, enfim, tudo floreio para dizer uma única coisa, dizer da importância que tem a musica em si, boas produções garantem o funcionamento mágico de uma canção mas as vezes não é o suficiente, as vezes a própria canção precisa ela se sustentar sozinha e uma musica para se sustentar sozinha ela precisa inevitavelmente ter uma boa linha sentimental melódica, conseguir alinhar estas coisas é um ato de bastante reflexão e comunhão com a própria alma, hoje em dia me sinto pronto para fazer estas coisas.
Este instante da minha vida é um momento raro e único, se algum dia me senti assim não me lembro, me sinto em paz, feliz...feliz..., quando estamos bem com a gente tudo ao nosso redor reluz, somos a bagagem daquilo que fizemos, se fui  bom ou ruim, se fui justo e sereno, tudo isso ecoa ao nosso redor e faz da gente seres especiais, todos nós carregamos o céu e o inferno dentro da gente, das lembranças e das experiências, se tudo que fiz me trouxe até aqui inevitavelmente foi para este instante que me dirigi a vida toda.
Hoje gravei as vozes de algumas musicas que eu as tinha por prontas e certas, percebi tons na voz que antes eu não conhecia, como disse certa vez, na época da gravação do disco "O velho e o Novo", digo da composição do disco, mergulhei fundo em uma atmosfera sombria de livros que me levaram até este universo astral das portas da percepção e li todos estes grandes autores e inevitavelmente escrevi e cantarolei todos aqueles temas que são darks e eu sei fiz o melhor que pude, não há nada que se arrepender mas hoje em dia não escreveria sobre certos temas.
Meu amigo Flávio acabou não participando do disco e eu estou gravando tudo sozinho, aprendi a tocar guitarra e ficou muito bom, fiquei escutando as musicas do Morrissey e dos Smiths apenas para pegar detalhes de produção e percebi como neste clipe desta musica do inicio do post, percebi o som do contra baixo e vi que posso tocar baixo assim sem cerimonia e fiz isso e ficou bom, o Flávio tocou baixo no disco "Musicas  para bailar" e impôs um ritmo certeiro nas musicas, mas nestas musicas novas como disse, com exceção de "Outono, a canção dos trinta anos" e a musica que abre o disco "O Chamado", que considero uma grande musica, a gravação é meio tosca mas é proposital é uma batida primal e remete ao "Musicas para bailar" quero dizer que estas duas musicas são as caras rockeiras do disco pois o disco todo é mais lento e não tem este lance de contra baixo galopante, é mais discreto.
Escrevi centenas de musicas novas e gravo tudo com um gravador de bolso para não perder o fio da meada.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015




















Meu grande amigo Flavio me visitou no dia de ontem, como em um chamado espiritual..., e veio me visitar e disse...quero gravar as linhas de baixo, e eu disse, será um disco curto, entre nove dez musicas, é um disco bucólico rural, quase romântico, mostrei a ele as faixas "Tudo foi vencido" e ele disse haha...musica gospel..., linda..linda...linda canção..., quer dizer..quero dizer...fiquei cantarolando e batucando marcando os tempos e mostrando a linha melódica e ele disse..."Putz...que musica linda..." e depois mostrei uma canção antiga que já está pronta e será apenas assim..."O Sol"..hehe tem tantas musicas que se chamam apenas de o sol..., mas a minha diz assim..., não vou dizer é segredo, é tão linda e trata da separação e de continuar querendo bem e velando o outro a distancia.
Mostrei também uma canção que considero, quer dizer..quero dizer...eu gosto muito, é uma musica antiga e é o que me mantem neste trilho, nesta maldita trilha doentia, escrevo sobre os desvalidos, meus ídolos são os fracassados, os poetas as almas que se perderam e se desgarraram e ainda assim conservaram em si um tipo de sanidade, eu sou o maior admirador do surrealismo de André Breton e da insanidade de Antonin Artaud eu venero de todas as maneiras toda a poesia de Rimbaud e toda beleza do canto de Gerard D Nerval..., mostrei ao Flavio algumas faixas e ele fez o seguinte comentário...- Em que pé está? e eu disse..., fiz o mais difícil, já gravei as bases e já fiz e defini os andamentos e ele disse...bom...vamos mudar as coisas, o que você acha de eu trazer o meu baixo e gravar com ele, quero gravar as linhas de baixo e eu disse, bom, pode ser, porém já gravei e já bolei os arranjos e enfim...o meu baixo é acústico e gravo tudo microfonado, dá até para escutar meus dedos nas cordas e acho lindo, já o baixo do Flávio é elétrico e dá uma outra dinâmica, pois me atrai e muito o som orgânico mas nada impede de a gente fazer coisas mais elétricas e mais diretas, vamos ver, estou entusiasmado e já bolei a capa do disco e o nome e disse a minha mulher que disse...é legal, mas não liga as musicas a nada é meio vago, mas é bom....é um nome muito bom, é sereno.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Flavio Bittencourt

Sinceros agradecimentos a Flavio Lucas Bittencourt que participou de forma ativa e exaustiva das gravações e mixagem dos dois discos "O velho e o novo" e "Musicas para bailar", ajudou por exemplo a gravar todas as bases e a definir todos os andamentos, são dele todas as linhas de contra baixo e todas as linhas de guitarra solo, o restante dos instrumentos fui eu quem tocou.
As canções, todas elas possuem um tipo de vida e uma sobre vida e ainda que as vezes a gente não consiga captar ou mesmo gerar a essência do sentimento que a gente queria, ainda assim as canções, algumas delas sobrevivem ao tempo, sobrevivem a passagem do tempo, e é o caso destes dois discos, que considero "O Velho E O Novo", considero grandioso e belo ao passo que "Musicas Para Bailar" é um disco mais simples e mais direto, menos elaborado na parte de arranjos de cordas, porem mais elaborado nas camas de teclados.
A parte mais complicada da gravação de uma musica vem a ser a parte de execução e definição de andamento, feito isso todo o restante aguarda sorridente e pacinte para que cada coisa vá para o seu devido lugar.
Ao se perceber ou descobrir o pulso exato tudo o mais se encaixa e até o cantor em alguns casos pode parecer um velho crooner, ao não acertar o pulso e em alguns casos até mesmo o tom, bom ai nem o cantor consegue cantar ou canta sem vida sem paixão pois o próprio as vezes desconhece o pulso e não entra, não encaixa., não sei explicar muito bem, mas posso dizer que hoje em dia toco até gaita ao contrário e em tom diferente e encaixa perfeito, mas quando não encaixa tudo o mais rola sem vida e sem paixão, é não conseguir transpor a barreira que separa o que se pode tocar e o pensamento, mais ou menos isso, tá meio esquisito mas é um tipo de truque, um tipo de mágica que alguns malandros conseguem fingir que sabem muito bem.



Uma Lágrima
The Tear Drop – Robert Burns (1759-1796)

Meu coração é só angustia, e lágrimas caem dos meus olhos
Faz muito, muito tempo que a alegria me é estranha
Esquecido e sem amigos suporto mil montanhas
Sem uma voz doce que soe em meus ouvidos

Amar-te é o meu prazer, e profundo desgosto teu encanto
Amar-te é minha desgraça, e esta lástima te tenho demostrado
Porém o coração ferido que agora sangra em meu peito
Se sente como um fluxo incansável que logo será desfeito

Ah se eu fosse e se acariciar a felicidade eu pudesse
Abaixo em um arroio jovem, em um cansado castelo verde
Por ali passear entre melodias permanentes
Aquela lágrima seca dos teus olhos




Canção – Robert Burns

Tenho mulher só pra mim
Não divido com ninguém
Ninguém vai me pôr chinfrim
Não ponho chifre em ninguém 
Tenho um vintém pra gastar
Graças a quem? A ninguém
Não tenho nada a emprestar
Não empresto de ninguém
Eu não sou senhor de escravo
Nem escravo de ninguém
Com minha espada sou bravo
Mas sem ofensa a ninguém
Quero ser o alegre amigo
Sem tristeza por ninguém
Ninguém se importa comigo
Não me importo com ninguém



El desdichado - Gérard De Nerval

Sou o tenebroso – o viúvo – o inconsolado,
O príncipe na torre abolida de Aquitânia;
Morta minh’única estrela – meu alaúde constelado
Porta o Sol negro da Melancolia.
Na noite tumular, tu que me consolaste,
Traga-me o Pausílipo e o mar d’Itália,
A flor que agradava tanto ao meu coração triste,
E o parreiral onde o pâmpano à rosa se alia.
Serei Amor ou Febo? … Lusignam ou Byron?
Minha fronte está rubra, ainda, dos beijos da que reina;
Sonhei na gruta em que nada a sirena,
    E por duas vezes, vencedor, atravessei o Aqueron:
    Modulando alternadamente na lira Orféica,
    Os suspiros da santa e os gritos feéricos.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

As gravações do disco novo.

As gravações do disco novo seguem um ritmo muito peculiar e muito particular.
Me faz bem....um imenso bem., escrever, ensaiar, gravar.

"Outono" (A canção dos trinta anos)
Nunca fui bom nisso mas agora percebo que posso ser, é um passo adiante.
A canção é baseada em um riff e é puro rock and roll, em um instante desacelerei e fiz dela um blues de 12 compassos, lento, lento, lento...as palavras saem uma a uma sendo disparadas como um tiro de pistola ponto 40 hehe.., é uma coisa psicodélica, mas é um ensaio, a canção está indo por outro caminho e quer ser rock and roll é onde ela se situa e soa verdadeira.
A letra é grande e são muitos compassos, não segue uma lógica matemática de métrica e não é um poema musicado é uma canção de rock and roll.
Entre vários compassos vai se alternando os tais dos riffs e preparando para o desfecho final que vem a ser um solo apoteótico de guitarra., mesmo que não venha a ter solo no fim, os próprios riffs fazem com que a musica soe poderosa e talvez no futuro venha a ser ao lado de "Mulheres perdidas na noite" e "Lexotan" ou mesmo "Suave é a noite" ou tantas outras mais que considero meus verdadeiros cavalos de batalhas.
Bom esta é a grande musica do disco e sinto orgulho dela.







O modesto equipamento de meu minúsculo estúdio se resume a uma interface USB a Tascam US122L um microfone condensador Behringer B2 e um pré amplificador mic 200, um par de monitores de referência Samson Resolv 50A e um computador turbinado, tenho os plugins da Waves mas praticamente não uso, e gosto de gravar tudo meio ao vivo.